Construção do modelo de uma Enviada do Seixal à escala 1/25

PREPARAÇÃO E APLICAÇÃO DOS ELEMENTOS DO CONVÉS E DO LEME
A conclusão de um forro de convés, colocado a preceito para que o trespassamento dos topos das tábuas se faça com um intervalo de cinco voltas num mesmo vau, é um momento gratificante que merece ser imortalizado com uma margem substancial de contentamento. Para trás estão longas horas de trabalho árduo colando, uma a uma, dezenas de pequenas lamelas de madeira que, no conjunto, enformam e configuram a concha da embarcação. Conquistada a forma, importa prolongar o trabalho, adicionando ao modelo um conjunto significativo de pormenores que lhe conferem realismo representativo e autenticidade histórica.
Os dois forros do costado “comeram” uma espessura relativa da quilha, que teve de ser aumentada com duas lamelas de bétula colocadas no sentido longitudinal desde o coice da popa, na ré, até ao capelo situado no topo da roda de proa. Para além do forro, a quilha deve apresentar uma espessura de 8 mm aqui conseguidos com duas lamelas de bétula com 4,5 mm de largura e 2,5 de espessura, ainda visíveis na zona do capelo. Aproveita-se este aditamento à espessura da quilha para corrigir algum empeno que a mesma possa apresentar e deve-se ter o cuidado de forrar os lados da quilha com pranchas muito finas que encostam e rematam o forro. Repare-se que as peças constitutivas da estrutura axial, (o cadaste, a quilha o coice e o capelo) são representadas individualmente e a união entre ambas faz-se a preceito com escarvas horizontais lavadas. Quando se removem os excedentes de madeira, o resultado final corresponde ao que se pode observar numa embarcação à escala real.
Aplicou-se um forro interior na amurada, que é rematado em baixo pelo trincaniz ou trincanil e em cima pelo talabardão, também denominado alcatrate ou corrimão da borda.
O trincanil é uma tábua de secção rectangular que corre de popa à proa, fazendo o remate entre o forro do convés e a amurada. O trincanil costuma ser cavilhado contra as balizas e contribui para o reforço do casco no sentido longitudinal. O talabardão faz o remate entre o revestimento interno e externo do barco e coloca-se no topo das aposturas. Neste caso, em vez da articulação de várias pranchas, optou-se por produzir o talabardão colando, em cada bordo, de popa à proa, duas ripas de secção rectangular sobre os forros interiores e exteriores. A largura somada das duas ripas deve ser ligeiramente superior à espessura dos forros, sendo que a união entre ambas quase não se nota se se proceder a uma colagem cuidada das peças.
Na proa, para remate e reforço, entre o talabardão e a cinta, colocam-se os barbados que acompanham a curvatura lateral da embarcação.
A realização de uma buçarda envolve um trabalho complexo que implica, por vezes, a repetição desta peça de madeira maciça que se coloca no interior do barco, na proa, atrás do capelo, entre o talabardão de bombordo e estibordo. Aqui começou-se por tirar o formato genérico da peça com um gabarito de plástico transparente. Fez-se de seguida um molde em madeira, antes de se cortar a peça num pedaço de madeira com a altura conveniente. Trabalha-se posteriormente a peça, à lima, para lhe dar as dimensões e a curvatura correctas.
Na ré, sobre o talabardão, coloca-se a falca, que aumenta a altura da borda.
As escoteiras servem para a amarração de cabos e reforçam a ré do navio. São peças que apresentam alguma elaboração estética e devem ser construídas a partir de duas tábuas tomando em atenção o sentido do veio da madeira. Convém usar gabaritos de cartão ou plástico para desenhar as peças que deverão corresponder ao desenho dos planos e adaptar-se à configuração específica da ré da embarcação.
As escotilhas, ainda sem tampas e as falcas aguardam no convés o momento oportuno para a sua fixação.

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